Biografia de Benito di Paula

Início da Vida e Carreira
Uday Veloso, artisticamente conhecido como Benito di Paula, nascido em 28 de novembro de 1941 em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, é um dos nomes mais singulares e talentosos da música popular brasileira. Filho de um ferroviário músico amador com ascendência cigana e Dona Maria, Benito cresceu em uma família humilde de 12 irmãos. Sua jornada musical começou cedo, influenciado pelo pai no aprendizado de instrumentos de corda.
Aos 15 ou 16 anos, adotou o nome artístico "Benito" a convite de Alfredo Mota, ao começar a cantar em um hotel em sua cidade natal. Mais tarde, o "di Paula" foi adicionado, conferindo um toque italiano ao seu nome. Após servir ao Exército no Rio de Janeiro, Benito iniciou sua carreira profissional na noite carioca, cantando em boates como a Balalaika, em Copacabana.
A convite de um casal, mudou-se para São Paulo, onde continuou a se apresentar em casas noturnas, incluindo a icônica Catedral do Samba, no Bixiga. Seus primeiros passos na indústria fonográfica foram marcados por lançamentos modestos e parcerias.
A Ascensão e o Sucesso nos Anos 70
A grande virada em sua carreira aconteceu em 1971, quando assinou contrato com a gravadora Copacabana e lançou seu primeiro LP, intitulado "Benito Di Paula". O disco trazia uma versão de sucesso de "Azul da Cor do Mar", de Tim Maia, e a canção "Apesar de Você", de Chico Buarque, que havia sido censurada. Em 1972, lançou seu segundo álbum, "Ela", que, apesar de não ter grande impacto comercial no Brasil, teve algumas faixas tocadas nos Estados Unidos.
O ano de 1973 marcou a explosão de Benito di Paula com o lançamento do LP "Um Novo Samba". Este álbum consagrou o artista com o mega sucesso "Retalhos de Cetim", que se tornou a segunda música mais tocada naquele ano. A capa do disco já apresentava sua imagem característica: barba, cabelos longos e uma profusão de acessórios.
Benito di Paula revolucionou o samba ao criar o seu próprio estilo, que ficou conhecido como "samba jóia". Essa inovadora mistura incorporava o piano e arranjos românticos e jazzísticos ao samba tradicional, o que inicialmente gerou críticas de alguns puristas que consideravam sua música "comercial". No entanto, o público abraçou essa nova sonoridade.
Em 1974, lançou o LP "Gravado Ao Vivo", que emplacou sucessos como "Beleza Que É Você Mulher", "Além de Tudo" e "Charlie Brown". A icônica "Charlie Brown", inspirada no personagem dos quadrinhos Peanuts, levou cinco anos para ser finalizada. Em 1975, sua música "Quero Ver Você de Perto" foi gravada por Roberto Carlos antes mesmo de Benito lançá-la.
O ano de 1975 também foi significativo, pois Benito se tornou apresentador do programa musical "Brasil Som 75" na TV Tupi de São Paulo. O sucesso do programa gerou um álbum homônimo, lançado no mesmo ano, que contou com a participação de diversos artistas e apresentou o hit "Mulher Brasileira". A canção "Charlie Brown" também alcançou sucesso internacional.
Anos 80 e 90
A década de 1980 foi marcada por uma constante mudança de gravadoras e um declínio na exposição midiática de Benito di Paula. Seu estilo musical passou por algumas nuances, com um samba mais calmo no início da década. Em 1980, lançou um disco com sonoridade diferenciada, incluindo sua própria versão de "Quero Ver Você de Perto", "De Quem É Essa Morena" (com participação de Chico Anysio) e uma homenagem a Vinícius de Moraes.
Houve uma tentativa de projeto com Silvio Santos, um programa de entrevistas com cantores intitulado "O Som do Brasil", que acabou não seguindo adiante, sendo exibido apenas como um especial. De forma inesperada, a gravadora Copacabana rescindiu todos os contratos com Benito após o lançamento de um disco.
Os anos 90 representaram os últimos anos de grande exposição nacional de Benito di Paula, embora ele continuasse lançando álbuns regularmente, cerca de um a cada dois anos. Em 1990, lançou "Fazendo Paixão" pela RCA Vitor, com videoclipe gravado na Ilha de Paquetá. Em 1992, saiu "A Vida Me Faz Viver", seu último álbum pela Copacabana. A música "Meto o Pé na Porta" ganhou novas versões na voz de outros artistas, como Jean e Giovanni. Em 1994, lançou "Pode Acreditar" pela RGE, com a marcante "Cena de Nosso Campeão", uma homenagem a Ayrton Senna. Em 1996, foi a vez de "Baileiro" pela Paradoxx Music.
Anos 2000 e Afastamento da Mídia
Nos anos 2000, Benito di Paula se afastou um pouco da grande mídia, com raras aparições. No entanto, suas músicas continuaram vivas na voz de outros artistas, com destaque para o sucesso da regravação de "Do Jeito Que a Vida Quer" pelo grupo Revelação em 2002 e de "Retalhos de Cetim" por Alcione em 2003. Em 1997, publicou seu livro de contos "Cantos e Contos do Benito de Paula".
Retorno e Anos Recentes
Os anos 2020 foram marcados por um profundo momento de dor para Benito di Paula com o falecimento de seu filho André Veloso em 2019. Essa perda o afetou profundamente, levando-o a enfrentar a batalha contra a depressão. Em meio ao luto, a música se tornou um canal para expressar seus sentimentos, culminando em uma emocionante homenagem ao filho. Em 2020, em parceria com seu outro filho, Rodrigo Vellozo, Benito lançou a canção 'Lágrimas do Meu Sorriso', uma tocante expressão de saudade e amor paterno.
Encontrando força na família e em sua paixão pela música, Benito seguiu sua jornada artística. A colaboração contínua com Rodrigo Vellozo se manteve como um importante elo, resultando no lançamento do álbum 'Infalível Zen' em 2021. Esse trabalho em conjunto não apenas celebra a música, mas também representa uma bela forma de honrar a memória de André.
Anteriormente, na década de 2010, Benito já havia demonstrado um retorno vibrante aos palcos e à mídia, com o lançamento de seu primeiro CD/DVD ao vivo em 2009, participações em homenagens a outros artistas e o lançamento do álbum 'Essa Felicidade É Nossa' em 2016. Sua trajetória nos anos recentes, marcada pela dor da perda, pela força da família e pela resiliência através da música, reforça seu legado como um artista que continua a emocionar e inspirar.
Discografia de Benito di Paula
Álbuns de Estúdio
- Benito Di Paula (1971)
- Ela (1972)
- Um Novo Samba (1973)
- Brasil Som 75 (1975)
- Superstar (1976)
- O Mundo Musical de Benito Di Paula (1977)
- Caprichoso (1978)
- Apesar dos Nossos Planos (1979)
- Novo Millennium (1980)
- Especial (1981)
- Bom Demais (1982)
- Que Broto (1983)
- Jeitinho Brasileiro (1984)
- Nação Brasileira (1985)
- Direito de Amar (1986)
- De Corpo e Alma (1987)
- Benito Di Paula (1988)
- Fazendo Paixão (1990)
- A Vida Me Faz Viver (1992)
- Pode Acreditar (1994)
- Baileiro (1996)
- Talento e Classe (1999)
- Fim de Semana (2003)
- Perfil (2004)
- Para Sempre (2006)
- Essa Felicidade É Nossa (2016)
- Infalível Zen (com Rodrigo Vellozo) (2021)
Álbuns ao Vivo
- Gravado Ao Vivo (1974)
- Benito di Paula Ao Vivo (CD/DVD) (2009)
Coletâneas
- O Melhor de Benito Di Paula (1989)
- 20 Super Sucessos (1997)
- Millennium (1998)
- Antologia (2000)
- Meus Momentos (2000)
- Série Sem Limite (2001)
- O Talento de Benito Di Paula (2002)
- Warner 25 Anos (2003)
- O Melhor de Mim (2004)
- Maxximum (2005)
- Novela Mania (2006)
- Warner 30 Anos (2006)
- Essencial (2010)
- 10 Anos de Saudade (2010)
- Bis (2011)
- Clássicos (2013)
- Raízes do Samba (2014)
- Ídolos (2014)
- Série Ouro (2016)
- Maxximum 2 (2016)
- O Essencial de Benito Di Paula (2018)
- Benito 80: Novo Samba Sempre Novo (2021)
Referências
- Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
- Immub - Instituto Memória Musical Brasileira
- Wikipedia
- Letras.mus.br
- Discogs
- Vagalume
- Cifra Club
- Spotify
- Vídeo "História de Vida" do programa Hoje em Dia (Record TV)
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